Depois de ler o maravilhoso texto que o novelista e
escritor Walcyr Carrasco escreveu para a revista Época, fiquei inspirado a
escrever um novo texto aqui pro Lua. No texto da revista ele nos fala sobre
a conflituosa relação entre o que a sociedade espera que sejamos e
o que somos de fato. Esta sociedade que exige que todos sejam felizes e bem
sucedidos e quem não se enquadra nesta fôrma, acaba se sentindo um fracassado na
vida. Ele também levanta a questão do que realmente importa para se sentir
realizado. Enquanto alguns abrem mão de tudo por uma carreira brilhante e
próspera, outros dedicam-se a família de maneira mais efetiva.
Tenho percebido uma crescente onda contra esta questão da
felicidade como um estado permanente. De fato chegamos a algumas conclusões: não
se é feliz 24 horas, a felicidade é um conjunto de fatores, um montante de
momentos vivenciados pela pessoa. A idéia da felicidade como uma condição
permanente é algo utópico. A questão é o “estar” e não o “ser”, é transitória,
ou seja, ficamos oras felizes, oras tristes, isto é uma contigência da vida, não
há como lutar contra. Acho até estranho perceber algumas pessoas que se dizem os
“felizes de plantão”, pra mim isto não existe mesmo.
Realmente é complicado para alguns assumirem que o céu
não é tão azul, ou que basta apenas ter fé para que as coisas dêem certo, é
preciso muito mais e torna-se uma hipocrisia muito grande enxergarmos as coisas
de maneira tão simplista. Seria perfeito e incrível se viessem com uma fórmula
de felicidade, se a pudéssemos comprar em algum supermercado ou farmácia e
tomássemos algumas gotinhas por dia, mas a realidade é bem outra, não é mesmo?
Esta felicidade embutida, comprada e paga em 10x sem juros no cartão não existe
e precisamos aceitar as coisas como elas são. Estas ideias que “vendem” pra
gente são preceitos que regem a sociedade que está cada dia mais capitalista e
individualista.
A vida não é uma sucessão de festas, flashes, compras,
champanhe, viagens, amigos e um sucesso retumbante. A vida é feita de dor, suor,
trabalho, renúncias, perdas e ganhos. Triste é alguém pensar que a vida seja tão
bonita e photoshopada como nas redes sociais. De repente acabamos meio que
incorporando que a felicidade é ter e não ser. Quem não se adequa a estes
parâmetros acaba sentindo-se excluído e peixe-fora-d’agua.
Questiono muito os acontecimentos que ocorrem a minha
volta. Percebo que muitas pessoas sofrem porque atribuem valores a objetos
materiais, mas não conseguem atribuir um valor afetivo ao outro. Amam coisas e
usam pessoas e deveria ser o contrário.
Somos plurais, diferentes entre nós, somos bem mais que
um amontoado de comerciais e desejos vendidos a granel. Dentro de cada um de nós
habitam vários universos e necessidades. Eu acho profundamente simplista pensar
o humano como uma grande massa uniforme. E viva a pluralidade...rs
Muito bom seu texto! Eu já fiz diversos posts sobre essa onda de felicidade e esse dever imposto de que temos que aparentar estarmos felizes 24 horas por dia.
ResponderExcluirSempre que me perguntam se sou feliz digo que não. Tenho os meus momentos de felicidade, tenho uma vida tranquila, o que me confere muitos momentos de bem estar. Mas esse estado de felicidade que muitos dizer ter ou estar, sinceramente ando buscando a vida toda... rsrs.
Beijocas
Dama:
ExcluirA questão mais central desta historia toda é o estar e não o ser, não é mesmo?rs
As pessoas confundem muito as coisas.
Beijos querida e grato pelo seu carinho.
Arrasou, hero-friend!! Viva o plural, sim... até pq tudo que é "em grupo" (ui) é mais gostoso! Sim, no post 1000 teremos nudez frontal e ereta do autor... hahahahahaha! Hugz!
ResponderExcluirFred:
Excluirkkkkkkkkkkkkkkk em grupo..sei...hahahaha.
Obrigado pelo carinho de sempre e que venha logo a postagem 1000...rs
Abraços mysuperdevassoherofriend.
algum historiador, sociólogo ou filosofo não me recordo, falou uma vez que não somos indivíduos, mas multividuos por que existem várias pessoas dentro de uma só. Então nos já somos plurais por natureza, e temos que saber convier com as outras pluralidades que vão além das nossas.
ResponderExcluirFrederico:
ExcluirPerfeita definição do humano, pensarmos na pluralidade, somos muitos dentro de um só.
Abraços querido.
Preciosa e oportuna contextualização queridão ... sensacional mesmo ...
ResponderExcluirEste fechamento vale ouro: "Somos plurais, diferentes entre nós, somos bem mais que um amontoado de comerciais e desejos vendidos a granel. Dentro de cada um de nós habitam vários universos e necessidades. Eu acho profundamente simplista pensar o humano como uma grande massa uniforme. E viva a pluralidade".
bjão
Bratz:
ExcluirPuxa meu amigo querido, vindo de você um elogio deste porte só devo agradecer pelas palavras sempre tão cheias de carinho e acolhimento.
Viva a pluralidade. Beijos com todo meu carinho e amizade.
Ainda bem que a vida não é como as redes sociais... senão eu já estaria enjoado dela. Gosto da realidade, nua e crua. Isso sim é viver. :D
ResponderExcluirRaphael:
ExcluirNa vida não podemos trocar a foto todo dia...xatiada....kkkkkkkkkk
Abraços querido.
mas todo mundo reclama no meu blog exatamente pq eu falo dos meus momentos tristes, todos lá só querem eu falando de coisas felizes o tempo todo...
ResponderExcluirFoxx:
ExcluirAcho que o ideal é procurarmos uma palavrinha mágica chamada EQUILÍBRIO porque somos mais felizes depois de a exercitarmos.
Beijos meu querido.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirótima reflexão, edilson. realmente existe uma cobrança no ar que frustra muita gente.
ResponderExcluirRailer:
ExcluirPrecisamos nos cobrar menos e sermos mais verdadeiros com os nossos sentimentos.
Abraços querido.