18 de nov. de 2009

VESTIDO DA FAMA

Este episódio que ocorreu há pouco tempo, envolvendo uma estudante de turismo de uma faculdade antes nunca tão famosa (Uniban), me faz pensar que hoje em dia muitas pessoas estão fazendo de tudo por seus 15 minutos de fama. Esta situação só vem somar-se aos numerosos casos de pessoas que buscam a fama a qualquer preço. Infelizmente o que muitas vezes deixam de perceber que é algo efêmero com data e hora para terminar. Se a pessoa não tem muito a oferecer intelectualmente basta se valer de seus atributos físicos, e está aí feita a fama. O que é preciso para ser famoso? Grandes peitos siliconados + namorar cantores famosos e populares ou jogadores de futebol + posar nua + fazer escândalo em praça pública + pintar o corpo em protesto contra qualquer coisa polêmica (rs). Como seria esta mágica matemática da fama? O que percebo com espanto é que a mídia supervaloriza o lixo em detrimento da qualidade. Apelam para imagens de nudez, poses ginecológicas, cenas de sexo (muitas vezes quase explícitas), enfim, é o vale-tudo pelos tão sonhados 15 minutos. Vale tudo para ser notícia. Isso para mim ficou muito claro neste episódio da estudante do vestidinho rosa. De repente o vestido virou assunto nacional e internacional. Ela foi alçada ao estrelato. Geisy está com a agenda repleta de convites, todos a querem em programas sensacionalistas e até sendo cogitada a posar nua. È claro que ela vai aceitar,é apenas uma questão de tempo. O que as pessoas esquecem é que a fama tem um preço e muitas vezes é alto, bem alto. O corpo nunca fora tão mostrado e consumido. As pessoas viraram peça de açougue num universo sedento por sexo e polêmica. Tudo é motivo para manchete. Fico imaginando como se sentem as feministas que lutaram tanto para as mulheres serem valorizadas e enxergadas com respeito e dignidade. Mulheres que lutaram para que o valor da mulher fosse reconhecido no mercado de trabalho, nas áreas corporativas. O que será que pensam estas mulheres? De repente vemos proliferarem as mulheres-frutas, atrizes decadentes fazendo filme pornô alegando estar fazendo “arte”, pretensas desconhecidas que se dizem modelo (mas que na verdade não o são, pois ganham dinheiro muitas vezes na prostituição), BBs que se envolvem em ocorrências com travestis, têm seus vídeos sexuais expostos na internet, jogadores de futebol envolvidos em escândalos com travestis, mulheres que dizem ter engravidado de pagodeiros e jogadores, ex-garota de programa que vira tema de filme (rs); enfim um monte de baixaria, que encontra um público cada dia mais ávido por qualquer coisa que envolva sexo e confusão. Sou totalmente contra qualquer tipo de violência, seja ela sexual. física ou psicológica. Sou totalmente contra o que fizeram a essa estudante, mas dizer que ela não está se beneficiando de toda essa mídia também é tão hipócrita como dizer que no Brasil não existe preconceito. O preconceito existe desde os tempos do Império, e isso parece que não vai mudar. O negro, o gay, a mulher, o nordestino, o gordo, o deficiente físico, enfim, qualquer classe que represente uma minoria é alvo de preconceito, mas acho que nem por isso posso concordar com a atitude da estudante do vestido curto e muito menos com a atitude vexatória dos alunos que a rechaçaram. O que penso é que lugar de estudar é lugar de estudar. Penso também que qualquer faculdade deveria ter o papel principal de abraçar as diversidades e formar cidadãos e não seres preconceituosos. Nessa mesma universidade, uma estudante precisou sair às pressas pois sua filha estava doente em casa, mas uma manifestação simplesmente bloqueava sua passagem e, na confusão toda, depredaram seu carro e a agrediram. Agora pergunto a vocês : “quem serão esses futuros profissionais que essa universidade está formando?”. Antigamente (e nem faz tanto tempo) para se atingir a fama era preciso suar a camisa. Era preciso escrever algo brilhante, ser um(a) grande cantor(a), um pintor, um artista de fato e não apenas balançar a bunda e peitos na TV. O mundo aplaude o bizarro, aplaude o descartável. Mas e a cultura, onde fica? Onde está o respeito pela família? Onde estão os limites ao que deve ser consumido pelas crianças? Então será que o mundo virou terra de ninguém? De repente alguém vai para a televisão e diz que gosta de beber, usar drogas, posa nua, e fica tudo lindo? Fica tudo bem porque é o artista X, e, então, é aceitável? Os jovens estão criando essas referências de vida pra si mesmos. Acho a Amy Winehouse uma cantora de um timbre superbacana, um registro diferente e marcante, mas não aprovo a conduta dela diante da mídia. Ela é artista e é formadora de opinião. Tá tudo bem, você vai me dizer: “mas alguém perguntou para ela se queria ser formadora de opinião?”, e eu lhe respondo: “podem não ter perguntado, mas são regras do jogo que ficam subentendidas e precisam ser incorporadas à vida do artista”. Quem é alçado à posição de artista precisa ter uma conduta bacana pois, de uma certa forma, funciona como espelho para muitas pessoas que buscam nestas ídolos referencias e inspirações. Outra celebridade que é impossível não citar é a espevitada e escandalosa Paris Hilton. Uma socialite que cansou apenas de ser milionária e herdeira de uma grande rede de hotéis e passou a querer os flashes a qualquer preço. De repente resolve fazer sexo com o então namorado da época e, depois, demonstrar “espanto” ao ver um videozinho seu fazendo o maior sucesso na internet. Paris coleciona namorados e escândalos. Participa de eventos, lança perfumes, tem grife de acessórios diversos, participa de reality shows nos EUA e faz muita, muita baixaria. Dirige embriagada e acena para os paparazzi como se a imagem realmente fosse muito bonita. Fica realmente a triste sensação de que as pessoas hoje querem atrair a atenção do público sem grandes esforços. Grandes artistas se construíram à base de muito sacrifício e trabalho. Não vemos nascer Madonnas e Michael Jacksons todos os dias. O brilhantismo, o talento, a capacidade de prender a atenção do público e da mídia por tantos anos não vem à toa. A beleza é apenas uma porta para se atingir a fama, mas o talento verdadeiro e nato acaba de fato sendo o que mais importa a longo prazo. Vimos surgir Susan Boyle este ano, mas me pergunto: até quando ela será notícia? Tantos artistas que aparecem e desaparecem rapidamente me fazem pensar que a fama precisa ser construída de forma lenta e gradativa. Hoje Geisy é a bola da vez, mas quem será a próxima?

2 comentários:

  1. concordo com várias coisas que vc disse... e esse episódio dessa moça foi bem ridículo... se aqui nos EUA as pessoas reagissem da forma com que os alunos reagiram, ninguém poderia estudar... as meninas e os meninos usam roupas mais curtas do que as dançarinas de baile funk! e isso tudo dentro de sala de aula

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  2. Na verdade as pessoas vivem em crise umas com as outras, porque não aceitam as diferenças..enfim isso é o Brasil né?rss..bjss Nic.

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