7 de mai. de 2012

O TESOURO DE LUIZA




Luíza nasceu na maternidade Sta. Marcelina no Rio de Janeiro, pesando cerca de 2kg.800gr, era um bebê franzino, daqueles bem miudinhos. Filha única de Dona Clarice e do Sr. Paulo. Sr Paulo era um homem austero e rígido. Trabalhava como despachante e vivia de cara amarrada. Parecia que algo na vida daquele pobre diabo não ia bem. Fumava 2 maços de Plaza e vivia reclamando que a criança era uma despesa a mais. Clarice abandonou seu emprego de arquivista na repartição pública e dedicou-se integralmente a criação de Luíza. Todo mundo fala que todo bebê é igual, mas havia algo de único e especial em Luíza. Ela tinha os olhos azuis herdados de sua vó materna, os olhos mais vivos e presentes que alguém pode ter. Algumas vezes o casal discutia por coisas triviais, aquelas típicas brigas de casal classe média pobre, e a criança já com os seus 2 anos de idade escutava tudo atenta e assustada. Dona Clarice era uma mãe devotada e carinhosa. Sofria de fortes dores na coluna, mas não abandonava os seus afazeres domésticos. O Sr Paulo era um homem ocupado e enfezado. Talvez de uns tempos pra cá se sentisse um pouco mais cansado do que o habitual, o danado havia se enrabichado por uma dona lá pros lados de Sta Tereza e parecia enfeitiçado. Luíza crescia cada vez mais cheia de vida e esperanças em ver seus pais felizes, mas não havia felicidade em sua casa. Um dia a menina já com seus 7 anos chegou em casa e viu sua mãe encostada á pia chorando copiosamente. Foi no quintal e voltou com uma florzinha dessas fuleiras e baldias que nascem em qualquer canto. A menina estendeu a mãozinha miúda e entregou a flor a sua mãe e disse: “Não fique triste mamãezinha querida, eu amo muito a senhora”. A mãe emocionada agachou-se junto á pequena e a abraçou intensamente. Luiza era uma menina especial, ela era magrinha, de bracinhos frágeis mas de sorriso meigo e encantador. Não era uma criança bonita, era até feinha, mas transmitia uma beleza que não havia quem não a notasse. Talvez porque ela não fosse daqui. Dona Clarice sabia que sua filha era especial e por saber disso não contava ao marido que semanalmente dava um dinheirinho escondido á menina para que ela comprasse lápis de cores. Luíza tinha um enorme pote deles em seu armário. Os escondia detrás dos seus vestidinhos dentro do armário. O pote era daqueles potes que não se encontram mais. Era um potão de respeito. Transparente, de um plástico duro, resistente e cheio de dignidade. Toda semana Luíza alimentava seu pote com mais lápis de cores. O pote estava transbordando até a boca. Em uma noite chuvosa de inverno num julho qualquer, Sr.Paulo chegou alcoolizado em casa e deu uma surra na esposa sem maiores explicações. Luíza não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que sua mãe estava sendo castigada por ter feito algo de muito ruim. O homem insandecido decidiu levar a esposa ao Pronto Socorro. Luíza desesperada tentava entender o que acontecia de tão ilógico. A mãe quase inconsciente nos braços do marido dizia pra filha: “Me espere quietinha, me espere meu anjinho”. A menina correu até o seu quarto e pôs-se a colorir as paredes da casa. Usou todas as cores que encontrou para colorir a vida dela e de seus pais. Coloriu com força, com vontade porque queria colorir aquilo que era tão ocre, tão sem vida e incolor. A pai voltou sozinho do Pronto Socorro. Depois de uma forte hemorragia Clarice perdeu a criança que estava esperando e não suportou a perda de ver seu amor se esvaindo em sangue. Paulo nunca mais fora o mesmo depois daquela noite, nem Luíza. Na mesma noite ainda de madrugada Luíza pegou suas poucas roupas, as moedinhas que sobraram em seu porquinho e deixou o seguinte bilhete para seu pai: “Quis colorir a casa, quis colorir a vida papai” e nunca mais voltou aquela casa.

LINDA SEMANA A TODOS. BEIJOOOS.

10 comentários:

  1. eu não entendi, Luíza se matou? a mãe dela se matou? ela fugiu de casa e lembrou de levar dinheiro aos 7 anos?

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  2. Tenso e denso.... ui!
    Que fim levou Luíza!?
    Não me diz que foi pro Canadá!
    Hehehehehe!
    Hugzãaaaaaao!

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  3. Continua? Canadá não, hein ! :D

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  4. ai que história triste...

    bjoo boa semana :)

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  5. Queridos:

    Foxx - Muita calma nesta hora..rs. 1) Luíza foi embora de casa. 2)A mãe dela morreu qdo estava no PS em decorrência da gravidez interrompida 3)Ela foi embora e se lembrou de pegar o dinheiro que guardava. Linda semana moço contestador...rs. Abraços

    Fred - Ela não foi pro Canadá não senhor...kkkkkkkkkkkkkkkk. Ela foi pintar outras vidas. Linda semana myhero. Abraços.

    Raphael - Não continua não, ela não foi pro Canadá não..rs. Linda semana. Abraços.

    Frederico - Mas achei tão bonita...rs. Linda semana. Abraços querido.

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  6. O texto foi me levando, frase por frase, narrativa intensa. No final, me perdi. Mas, quem não garante que era para nos perdermos mesmo, né!

    Beijos.

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  7. Carro Abóbora é tooooooooooo muchhhhhhhh, nzé? Hahahahahaha! Hugzones!

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  8. Luxopoder&gRamu é a NOSSA cara... hhahahahaha! Hugzão, Edilsão! Boa quarta!

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  9. juro q imaginei! Luíza foi definitivamente para o Canadá ... rs

    mas ficou legal ... tenso mas legal ...

    bjão

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  10. Queridos:

    Cesinha - Acho que você soube capturar exatamente a idéia do texto, tem esta coisa da vida que vai nos engolindo pouco a pouco e em contrapartida o outro lado que nos faz ter fé e esperança, querer colorì-la.
    Abraços.

    Fred - Carro abóbora é a morteeee..hahahahaha.
    Luxopodeegramú pódiiiii..hahahaha.
    Brigaduuuuuu myhero, vc é um amigoespecial. Abraços.

    Bratz - Engraçadinhuuu....kkkkkkkkkkk. Que bom que gostou, fico feliz com sua opinião positiva. Abraços.


    BRIGADÃO GALERA, VOCÊ SÃO UNS QUERIDOS DO CORAÇÃO.

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